sexta-feira, 16 de julho de 2010

Meu pai: presente de Deus


"Existe um homem que se esmera no comprimento do dever para dar bom exemplo, que fica humilde, quando poderia se exaltar, Que chora à distancia, a fim de não ser observado, Que apenas fisicamente, passa o dia distante, na labuta, por um futuro melhor, Que, ao fim da jornada, avidamente regressa ao lar para levar muito carinho e, as vezes, pouco receber. Nunca perca pois a oportunidade de devotar maior carinho e amizade àquele que é seu melhor amigo: seu pai."
(Marco Antonio Struve)

Sem dúvida a Bíblia é também um livro de comportamento, ética e moral, principalmente a ser usada no seio familiar. O pai que diligencia os filhos na disciplina e admoestação do Senhor, semeia o bem e colhe os frutos vendo o crescimento espiritual dos seus descendentes. Afinal Jesus pregava o amor, a tolerância, o perdão, a humildade, entre outras coisas. As instruções das Escrituras aos pais são sempre o ideal de Deus.

Eu compreendo que todos tem seus problemas familiares, mas quando não se aplica o que Jesus pregava, parece que a busca pela paz fica inalcansável. O aspecto negativo que vejo nisso tudo é que isso só fomenta maus sentimentos, se o exercício de autoridade for usada de forma irracional. O aspecto positivo na educação de forma construtiva, ou seja, pela instrução compreensiva, o filho não alimenta rancor em seu coração. A mãe ou pai que amaldiçoa com sua língua, e se gaba de seus feitos, murcham o afeto, provocando reações adversas, fazendo com que seu filho pense que não consegue agradá-los nunca. A obediência deve ser algo atingido com amor e gentileza.

"Deixe a maçã ao lado da vara e dê a seu filho quando fizer o certo" (Martinho Lutero)

Certa vez, conversando com um ex-namorado, ele me contou de uma consulta psiquiátrica que teve, em que seu médico lhe disse: "meu caro, há erros na vida, na familia, que não conseguiremos mudar nunca. A única coisa boa que podemos tirar disso, é não deixar passar isso adiante para os filhos."

Sem dúvida, o sofrimento amadurece.

Eu e minha mãe temos tido tempos difíceis ultimamente, e o resultado disso, foram alguns corações magoados. E consequentemente, eu nessas horas volto os olhos para o meu pai, e não percebo às vezes das bênçãos que Deus tem me dado. Um pai que sempre renunciou a todo o seu gozo e prazer, para satisfazer todos os nossos caprichos. Me lembro bem que ao tirar minha carteira de motorista, ele apenas me levou à concessionária e disse: "Escolhe o teu carro." E lembro de quantos filhos tem que andar de ônibus, mas eu nunca precisei pegar um. Meu pai sempre cresceu profissionalmente, aumentando o nosso conforto ano após ano. Nunca exigiu e nem se quer mencionava em momento algum, que minha mãe deveria ter uma ocupação. Ele foi o primeiro membro da familia a conhecer a Deus, e me lembro de quando criança, ele insistantemente nos chamando para ir a igreja. Na época nem entendiamos, mas hoje reconhecemos a Graça que nos foi dada por causa daquela responsabilidade de como pai, nunca desistir de nós. Se não fosse por meu pai, a que Deus recorreríamos hoje quando estivéssemos aflitos, as vezes me pergunto. Por anos ele pregava a Palavra a familia de minha mãe, que são todos Testemunhas de Jeová, e tenho a certeza que a raiz que ele plantava há anos, se deve hoje a alguns desses membros, terem se convertido ao verdadeiro Cristianismo. Hoje, meus pais tem 35 anos de casados. Minha oração no momento é de gratidão.

Sim, não estou querendo aqui encobrir erros de meu pai do passado. Mas olhando para a sua vida de solteiro, devo compreender que ele era filho de um pai nascido e criado no interior, fazendeiro, rigoroso, áspero, severo, autoritário, duro, e que exigia muita responsabilidade dele, já que ele parecia o filho mais sensato. Meu pai cuidava das contas do casarão na cidade grande, que não eram poucas, dos 10 irmãos, andava kilômetros a pé para vender queijo nas costas dos clientes de seu pai, rico. E detalhe: não recebia um centavo por isso. Depois de muita persistência e determinação nos estudos em internatos, meu avô colocou-o num cursinho do Farias Brito, e claro, meu pai foi aprovado no vestibular para Engenharia. Pouco tempo depois casou-se com minha mãe, e os dois foram caminhando assim, juntos e crescendo como família, sem a ajuda de ninguém. É, porque sua mãe, que está viva até hoje, ou seja, a minha avó, também teve a sua educação bem interiorana e sempre concordou com as restrições desnessárias de seu esposo. Ou seja, apesar da vida luxuosa que meus avós levavam, meu pai não recebeu deles uma educação refinada.

Não quero dizer que não houve Amor por parte de meus avós. Mas o amor não era transmitido em afeto e carinho ao meu pai.

E claro, que nós filhos, sofremos quando criança, dos traumas que meu pai carregava, e também de minha mãe, que também não teve uma vida fácil. Mas hoje meu pai não é nem 1% daquele que eu conheci quando nova. Os dois se restauraram de suas sequelas familiares, mas a maior transformação eu vejo no meu pai. E veja só como a Glória de Deus se manifestou, hoje o meu pai é brando, manso, humilde, e usado por muitas vezes como instrumento de paz. Eu não permito hoje, que joguem acusações passadas em meu pai. Não há erro desculpável, e nós até hoje lutamos contra nossa língua mal contida, mas cremos, que o melhor de Deus ainda estar por vir.

Li uma história que me emocionei: Uma norte-americana chamada Sonora Louise, em 1909, queria um dia especial para homenagear o seu pai, William Smart, um veterano da guerra civil que ficou viúvo quando sua esposa teve o sexto bebê e que criou os seis filhos sozinho em uma fazenda no Estado de Washington. Foi olhando para trás, depois de adulta, que Sonora percebeu a força e generosidade do pai.

Eu não quero perder meu pai para reconhecer o bem que ele tem me feito. Pai , eu te amo.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Família


"Nenhum sucesso na vida compensa o fracasso no lar." (David O.Mckay)

Já sabemos que a família é de origem Divina, e que todos, digo, a maioria pelo ao menos, anseia em ter o seu lar, os seus filhos, e a sua casa. Mas hoje em dia está tudo muito difícil, a sociedade cobra que as mães trabalhem, a mídia apresenta um consumismo quase irresistível, e a tecnologia  deixa seus membros cada vez mais isolados. As vezes parece que somos família, e outras, somos tudo, menos família. Nos amamos, e ao mesmo tempo, nos odiamos, tornando a casa familiar somente um local de alojamento.

È bem verdade que os pais tem uma responsabilidade de transmitir um legado fiel às próximas gerações. Em provérbios 13:22, é garantido as bençãos que o homem de bem deixa aos seus descendentes. O lar deve ser um lugar de refúgio santo, onde devemos ser sempre bem-vindos e aceitos, resgatados do sofrimento com amor, nos comprometendo a pedir perdão se falharmos um com o outro, praticando assim a reconciliação familiar. O amor é uma atitude, e é através de sua prática, e não de palavras, que ao aplicarmos dentro do seio familiar a renúncia e a fraternidade, só então estaremos inteiramente habilitados para transmitir o bem na sociedade. Pra mim, a família é a esperança da humanidade.

Semana passada fiquei sabendo de um casal na igreja que já viviam há 25 anos casados, tem dois filhos já jovens, a mulher era exemplo de esposa, dedicada ao marido, aos filhos, mulher fiel a Deus, mas o marido, de repente, decidiu se divorciar e ir morar em outro Estado com outra mulher. Pra mim, aquilo foi um choque. Senti uma verdadeira compaixão, e me sensibilizei com a situação daquela mulher, já que eu a conhecia. Mas a notícia me surpreendeu, pois eles me pareciam até um casal perfeito.

Mas o que aconteceu? Não sei, mas Deus tem um propósito, e mesmo que Deus use o tempo como Justiça, afinal o tempo é irrecuperável, a verdade a gente enxerga, nem que seja tarde demais.

Com a minha família não foi diferente. Digo, o caso não foi o mesmo, mas já passamos por uma época de tribulação. E não havia "O culpado" para que tudo aquilo estivesse acontecendo. Todos tinham a sua parcela de culpa. Mas para recebermos a Graça e Misericórdia, todos nós nos humilhamos diante do Pai, e nos submetemos à Sua vontade, e Deus foi quebrando o orgulho de cada um, aos poucos. É, por que o orgulho amaldiçoa. Já sabemos que Deus resiste aos soberbos. A vida estava pesada para cada um de nós. Então, nem adianta resistir, só alcançamos a Graça quando decidimos nos render de vez, humildemente. Ainda não somos perfeitos, mas nunca aquela fase de Trevas voltou a reinar em nossa casa. Hoje nos beijamos e nos abraçamos naturalmente, coisa que nunca havíamos experimentado.

Uma das coisas que aprendi, quer dizer, ainda estou aprendendo, pois a restauração é até o fim de nossas vidas, é que: primeiro, devemos repreender com amor; segundo, nem sempre é bom ter razão, deixe que o outro ganhe a discussão; terceiro, quando cometer um erro, saber admitir e pedir perdão; e quarto, não espere alguém vir lhe pedir perdão, tome a iniciativa você mesmo e faça as pazes.

Não é uma tarefa fácil tentar corrigir anos de erros nos nossos lares, mas é possível sim reconstruir, basta apenas voltar ao plano que Deus tem revelado, pois os benefícios são eternos!

Imaginem quantos lares destruídos que não tem como base a Palavra, desenvolvem e educam crianças a se tornarem verdadeiros assassinos, estupradores, viciados, pelo simples fato de não terem recebido de seus familiares amor, carinho e atenção. A família bem ordenada se torna uma fortaleza contra a onda de vícios e imoralidade que invadem o mundo. Porque o coração da sociedade, da igreja e da nação é o lar. Portanto, a felicidade da sociedade, a prosperidade da nação dependem das boas famílias.

"Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam." Sl 127:1